quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

25 anos de mediocridade

Foi num dia 17 de dezembro que vencemos o Campeonato Brasileiro de 1995. A torcida fez uma festa como jamais se viu, invadindo a pista do aeroporto e subindo na asa do avião que trazia um time sem muitas estrelas, mas com um sarcástico Túlio Maravilha que atingiu o auge do deboche ao vice-campeão, ao carregar um peixe fresco na mão e fazer movimentos como se fosse devorá-lo. 

General Severiano nunca esteve tão cheia de pessoas. Houve até mesmo quem escalasse o mastro da bandeira, num acesso de loucura que só poderia mesmo ser provocado por uma desenfreada paixão futebolística.

Eu não me lembro de nada, mas sei que foi lindo, pois já assisti uma série de vezes os vídeos desse dia marcante e inesquecível para o torcedor alvinegro.

Numa noite tão memorável, nem mesmo o mais pessimista dos botafoguenses poderia supor que aquele seria o último título relevante que conquistaríamos nos próximos 25 anos. Na verdade, o mais pessimista talvez ainda viesse a duvidar, 4 anos depois, de que poderíamos deixar escapar uma conquista nacional em casa contra o Juventude. 

A virada do milênio veio, no entanto, para acabar com quaisquer ilusões ainda remanescentes: desde então, jamais fomos além de uma semifinal (Copa do Brasil, 2008 e 2017) em um campeonato de peso. É claro que não considero o Campeonato Carioca relevante, mas, se você quiser considerar, terá de se contentar com apenas 4 campeonatos nos últimos 20 anos (2006, 2010, 2013 e 2018), enquanto o time do esgoto, por exemplo, conquistou 10 (muitos com a ajuda da arbitragem, é claro, mas não vou entrar nessa questão por agora).

Em relação a isso, enfatizo sempre que o principal problema não é exatamente a ausência de títulos de peso, mas a impossibilidade de sonharmos com qualquer um deles. Enquanto assistimos, todo ano, os grandes clubes do Brasil - e ainda alguns "médios" - chegarem tão perto de um título nacional ou disputarem a Libertadores como mais do que meros coadjuvantes, temos de nos contentar com a dolorosa verdade de que nossa melhor chance de poder sonhar ocorreu justamente no ano em que fomos comandados por um treinador molambo. 

Pior do que isso é constatar que esse mesmo molambo ainda é venerado por muitos pelo simples fato de ter levado o Botafogo às quartas de final da Libertadores, como se não passássemos de um time pequeno sem qualquer tradição no futebol - algo que foi, inclusive, dito de forma direta pelo próprio treinador e mesmo pelo presidente do clube naquele ano.

A imensa maioria da torcida botafoguense gosta e acompanha futebol de uma forma geral, e não apenas o Botafogo. Isso é um problema, porque significa que não são apenas 25 anos sem títulos de expressão ou disputas acirradas pelos mesmos: são 25 anos observando os sonhos e as conquistas dos torcedores de outros times - inclusive os médios -, como se estivéssemos alheios a tudo isso. 

Sonhar não nos é mais permitido.

Somam-se a isso as incontáveis eliminações traumáticas neste século (Aparecidense, Juventude, Cuiabá, goleada sofrida dos molambos... Preciso mesmo citar todas?) que tornaram a vida do botafoguense mais do que sofrida: insuportável. 

A situação tornou-se tão crítica nos últimos 25 anos que não há, hoje em dia, qualquer razão para seguir acompanhando o time senão um amor inexplicável e incondicional. O Botafogo não é mesmo para os fracos, muito menos para os torcedores "modinha". 

O que, de certa forma, acabou por torná-lo tão único: só um botafoguense é capaz de compreender a dor de outro botafoguense.

Por isso, se hoje você encontrar um botafoguense deprimido por 25 anos sem título de expressão, não tente lhe mostrar o lado bom ("hoje é o aniversário de uma grande conquista"). Mesmo o mais otimista dos alvinegros jamais diria algo parecido em um momento tão dramático da história do clube. De modo que, se você consegue ver o copo meio cheio em uma data tão triste, tenho certeza de que não é botafoguense, mas torcedor de qualquer outro time menos místico, tortuoso e certamente menos medíocre do que o Glorioso foi capaz de se transformar nos últimos 25 anos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Uma piada chamada Botafogo de Futebol e Regatas

Imagine minha surpresa ao constatar que meu último post aqui, apesar de escrito há quase um ano, ainda é amargamente atual.

"Ah, como eu queria chegar pelo menos a uma final de Copa do Brasil, sem antes ser eliminado por Aparecidense, Juventude, Figueirense e outros, ou perdendo de goleada para rivais nacionais. Ah, como eu queria lutar por alguma coisa no Campeonato Brasileiro que não fosse escapar da série B."

Aqui estou, em 2020, pronta para avisar à Lohana de 2019 que nada mudou, pois ontem fomos eliminados da Copa do Brasil de forma escandalosamente ridícula - como não poderia deixar de ser - pelo poderosíssimo Cuiabá, e temos apenas três vitórias em um turno inteiro de Campeonato Brasileiro. 

No entanto, se a Lohana de 2020 tivesse aparecido à minha frente no fim do ano passado para acabar com as poucas esperanças que ainda me restavam na virada do ano, decerto que eu não acreditaria nela e responderia simplesmente: Não é possível! Isso só pode ser uma grande piada!

E, bem, não podemos dizer que não o é, definitivamente. O Botafogo de Futebol e Regatas, aquele que um dia já foi apelidado de Glorioso, aquele que alimentou seleções que marcaram a história do futebol, aquele mesmo que revelou tantos craques como nenhum outro clube em qualquer lugar do mundo, transformou-se, em realidade, numa imensa piada.

Uma piada de mau gosto, é claro, e certamente uma que está muito longe de nos fazer rir. Dizem que "só rindo para não chorar"; no entanto, a situação parece tão dramática que um riso não seria bem vindo ainda que tivesse o intuito único de camuflar as lágrimas que insistem em cair.

Sim, o Botafogo roubou nossos sorrisos. Ou, melhor... Não o Botafogo, propriamente, que ainda possui o escudo mais lindo e a história mais fascinante, mas os órgãos podres e hediondos que habitam há décadas o corpo de General Severiano.

Honestamente, eu nunca acreditei na S/A, embora tenha torcido desde o início pela sua chegada. Na verdade, sempre achei que aguardar a S/A como se espera por um messias salvador não nos poderia levar a outra coisa senão uma triste desilusão. E, veja bem, o botafoguense já possui desilusões demais para recordar neste século. 

Chegamos ao fundo do poço. A eliminação para o Cuiabá parecia tão óbvia que, ao final, tomei como verdade que os deuses do futebol só podem estar zoando com a nossa cara. Mas talvez eles não tenham culpa: o Botafogo tornou-se um caso impossível até mesmo para as entidades divinas. Paralelamente à fila das eliminações traumáticas e dos campeonatos jogados no lixo, temos o fim da S/A (este clube é tão bom em nos fazer sofrer que, em se tratando de coisas boas, elas são capazes de contrariar as leis gerais do universo e terminar antes mesmo de seu início...), toda a m*** jogada no ventilador pelo Youtuber Felipe Neto contra os irmãos Moreira Salles, a impressionante mudez de um presidente omisso e, por fim, as eleições ao final do mês.

Ah, as eleições! Vou resumi-las para você: um candidato amiguinho do Mufarrej e da sua corja; um com trejeitos de político corrupto, que publica vídeos claramente lendo um texto à sua frente, é contra a S/A e não explica de onde virá o dinheiro para as ações que planeja; e outro com cara de peixe morto, que não sabe mexer num computador e acredita que reformar a churrasqueira da sede social trará receita para o futebol. Na dúvida, vamos com o menos pior... Mas quem seria, afinal, esse tal de "menos pior"?

Não roubaram apenas nossos sorrisos; roubaram nossos sonhos. A esperança é a última que morre? E onde ela está, afinal?

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Ah, como eu queria...

Ah, como eu queria acreditar que em 2020 tudo será diferente e eu não precisarei mais aturar as zoações dos rivais durante todo o ano.

Ah, como eu queria chegar pelo menos a uma final de Copa do Brasil, sem antes ser eliminado por Aparecidense, Juventude, Figueirense e outros, ou perdendo de goleada para rivais nacionais.

Ah, como eu queria lutar por alguma coisa no Campeonato Brasileiro que não fosse escapar da série B.

Ah, como eu queria terminar 2019 esperançosa com uma Libertadores ou Sul-Americana a ser disputada no ano que vem. 

Ah, como eu queria olhar para a cara do Mufarrej e conseguir ver mais do que uma mosca morta e amassada. 

Ah, como eu queria acordar e ler notícias com expectativas de uma boa contratação ou um treinador de verdade.

Ah, como eu queria um Botafogo no qual João Paulo não fosse considerado craque do time.

Ah, como eu queria que minha única alegria não consistisse em secar os rivais, pois até mesmo meu secador vem perdendo a força. 

Ah, como eu queria enxergar em Valentim algo mais do que um treinador medíocre.

Ah, como eu queria que não tivéssemos completado ontem 24 anos sem um título de expressão, do qual eu nem me lembro, pois ainda era muito criança para compreender as alegrias e tristezas do futebol.

Ah, como eu queria não ter que ver a cara de pena com que as pessoas me olham quando digo que vou a todos os jogos no estádio Nilton Santos. 

Não é que eu não deseje títulos - não há torcedor que rejeite uma taça -, mas meu desejo principal é algo tão simples que parece absurdo estar tão distante de nós. 

Eu queria apenas poder sonhar.

Mas o Botafogo de Futebol e Regatas transformou-se em um pesadelo tão grande que parece mais próximo de fechar as portas do que de vencer o Campeonato Carioca.

Ah, sim! Vem aí a S.A....

Ah, como eu queria entrar no clima de otimismo e acreditar que virá daí o renascimento do Glorioso... 

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Julho, o mês de Barroca

Domingo, 14 de julho de 2019: a tarde na qual o futuro de Barroca como treinador começará a se desenhar de uma forma mais precisa.

Nesse dia, prestes a completar três meses no comando do Botafogo, o tão falado "barroquismo" volta a campo para enfrentar o Cruzeiro, no Mineirão.

Até então, havia, para todos os questionamentos, a justificativa da "pausa da Copa América", um período de vinte dias no qual Barroca poderia exercer intensivamente sua filosofia de treinamento, com o objetivo de entrosar e acertar o time para os últimos três quartos do campeonato brasileiro.

Pois bem, o mês de julho reserva para nosso treinador jogos nada simples, nos quais se incluem as oitavas de final da Sul americana contra o Atlético-MG (dias 24 e 31), além de um desafio fora de casa e um no Nilton Santos contra Cruzeiro (dia 14) e Santos (dia 21), respectivamente, e um clássico contra nossa maior rival, no Maracanã (dia 28).

A leitura dos primeiros nove jogos não é unânime entre os torcedores: enquanto alguns afirmam que fizemos poucas boas partidas e que vencemos a maioria por um golpe de sorte que não nos é comum, outros enxergam uma excepcional evolução tática e física e já estão a ponto de exibir um pôster do nosso treinador na parede da sala.

Especialmente para o torcedor desconfiado (e não seria redundância chamar o botafoguense de desconfiado?), a história de Barroca no Glorioso tem real início dia 14, às 16h.

Já não nos importa se o time evoluiu nos últimos 9 jogos; nos importa se ele evoluirá nos próximos 29.

Ou, para controlar a ansiedade, nos próximos 5 - justamente aqueles que serão disputados neste decisivo mês de julho.

O time conseguirá manter o aproveitamento de 55,6% no Brasileirão? E a posse de bola, que começou em mais de 70% e caiu nos últimos jogos? Como o moderno esquema de movimentação no meio de campo, o 4-1-4-1, lidará com a pressão na saída de bola e a marcação alta, perceptíveis pontos fracos da filosofia do toque de bola? E os novos reforços, como Rangel e Biro Biro, serão aproveitados?

Está na hora de Barroca mostrar verdadeiramente a que veio: mais uma revelação que não durará muito tempo ou um técnico talentoso que tem personalidade e enxerga além do óbvio?

Não obstante continuemos sem elenco, um bom treinador será capaz de fazer algo com as peças que possuímos. Sim, falta um camisa 10 e um lateral direito, mas já estivemos pior do que hoje em termos de reforços.


Não almejamos o título, almejamos lutar por algo (que não seja contra o rebaixamento).


Almejamos, acima de tudo, ter gosto em ver o Botafogo jogar. 


Que o mês de julho nos mostre que estávamos certos em confiar no trabalho de um profissional que, nas atuais circunstâncias, pode representar o último suspiro de esperança para além dos muros de General Severiano.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Nós merecemos sonhar

Não me lembro quando foi a última vez que presenciei uma vitória por 4 a 0. 

Arrisco dizer que o resultado de hoje teve um significado especial para todo botafoguense. 

Sim, o clube está vivendo uma situação dramática. Sim, Diego Souza está fora de forma e não aguenta correr nem dez segundos. Sim, Fernando ou Marcinho, tanto faz, pois nenhum dos dois está minimamente à altura da camisa que veste. Sim, Cícero é um jogador nulo, daqueles que você só lembra que estava em campo quando vê a ficha técnica. Sim, João Paulo ainda não se recuperou totalmente da lesão e nós não temos um jogador de criação no meio de campo. 

Mas hoje foi um dia para deixarmos todos esses problemas de lado. 

Só por hoje. 

Nós merecemos uma brecha, um suspiro no meio de tanta poeira. 

Merecemos acreditar que Barroca possui uma visão à frente do seu tempo e que Bochecha tem uma incontestável qualidade na saída de bola. 

Não nos interessa que o adversário seja praticamente inexistente em campo, daqueles que não são capazes de trocar três passes e que rejeitariam qualquer gol que insistíssemos em lhes dar de presente. 

Não nos interessa que nunca tenhamos antes ouvido falar em Sol de América, porque amanhã o Sol nascerá mais brilhante para todo botafoguense que não desistiu de sonhar com a América. 

Hoje, apenas hoje, gloriosos e gloriosas dormirão em paz, sem pesadelos ou fantasmas do passado que insistem em nos atormentar a cada mata mata. 

Quando o apagar das luzes encontrar o suor da camisa da sorte, ainda grudada no corpo com o calor da arquibancada, o botafoguense lembrará a leveza que é exibir um sorriso no rosto.

quinta-feira, 7 de março de 2019

A década perdida de Seedorf e Montillo e a esperança que chega com Diego Souza

Agora é oficial: Diego Souza está a caminho do Botafogo. 

É bem provável que ele mesmo ainda não compreenda o que sua contratação representa para o clube. E como poderia, se não estava aqui antes para vivenciar a falta de esperança e o pessimismo que há tempos dominam as arquibancadas do estádio Nilton Santos?

Nilton Santos, nosso Enciclopédia, que decidiu visitar os anjos quando percebeu o tamanho do poço no qual o Botafogo insistia em se afundar.

Quem vai dizer que ele estava errado? 

Vale a pena viver para ver o Glorioso renovar, ano a ano, sua vaga como personagem ilustre da chacota nacional?

Mais do que um bom jogador, com experiência e passagem por diversos clubes do Brasil e do mundo, Diego Souza já chega ao Botafogo com um fardo nas costas tão grande que, se pudesse compreender isso, talvez preferisse permanecer no São Paulo. 

O que sua contratação representa não é pouco: a esperança reprimida de 3,5 milhões de torcedores que, cabisbaixos, já consideravam que 2011-2020 seria uma nova "década perdida". 

A chegada de Diego Souza (2019) poderá, de alguma forma, ser comparada às de Seedorf (2012) e Montillo (2017). Talvez não em tamanho, talvez não em ambição, mas certamente em renovação de esperança atrelada a um nome de peso para compor o elenco.

Porque, nos três casos, o Botafogo carecia de um jogador experiente que pudesse se tornar o "queridinho" das arquibancadas e impulsionar as ações de marketing. Sem títulos e sem uma contratação de peso, não há torcida que se renove - e é o medo de que nossas crianças desistam da estrela solitária que, vez ou outra, nos obriga a buscar alternativas acima do nosso orçamento. 

Seedorf chegou ao Botafogo no segundo semestre de 2012, naquela que foi considerada uma das maiores contratações do futebol brasileiro. Estreou numa derrota contra o Grêmio, com estádio lotado e torcida alucinada, jogo daqueles em que ninguém consegue ficar sentado mais do que um minuto. 
Conquistou o Campeonato Carioca de 2013, mas, no mesmo ano, "amarelou" no Brasileirão, ao perder o pênalti contra o Cruzeiro que originaria o gol de empate naquela que foi considerada a "final antecipada" do campeonato (e que terminou com uma amarga derrota por 3x0).
Pouco depois, "amarelou" novamente nas quartas de final da Copa do Brasil. Seedorf nada fez em campo na goleada por 4x0 aplicada pelo time do Mal, aquela mesma que todo botafoguense gostaria de poder apagar de sua memória. 

Não estou sugerindo que Seedorf foi o grande culpado pelas desilusões de 2013. 

Estou afirmando.

Porque, se nos vestiários se comportava como líder (autoritário) do elenco, chegando ao ponto de bater em seus companheiros e aplicar sermões, em campo lhe faltava tal postura. A de líder, não a de autoritário - em que pesem os tapas e gritos que não poupou também dentro de campo. 

Em minha humilde opinião, o rosto de Seedorf jamais deveria estampar o muro de General Severiano. Já falei bastante sobre isso aqui, por isso prefiro não me alongar. 

Foi, de fato, controversa a passagem de Seedorf pelo Botafogo. Há quem concorde comigo e há quem discorde. Não existe, na torcida, um consenso geral de que sua passagem foi um grande fracasso; existe, e isso não se pode negar, uma sensação de que ele fez muito menos do que se esperava. 

Nada controversa, no entanto, foi a passagem de Montillo pelo clube. Com apenas dois jogos e uma série de lesões em poucos meses, aquele que foi contratado para ser o craque da Libertadores de 2017 praticamente não vestiu nossa camisa. 
Há quem diga que foi um azar dos grandes e que o Botafogo não tem culpa. Entretanto, em recente entrevista, Montillo afirmou que o departamento médico do clube jamais conseguiu deixá-lo em condições para jogo. 

E eu acredito nele. Porque, se existe algo que podemos questionar, é o fosso abissal do nosso departamento médico, no qual jogadores entram e jamais saem. 

As frustrações resultantes das maiores contratações da década somam-se à ausência de conquistas importantes e à crise financeira do clube para compor um cenário ideal tanto para a consagração quanto para a crucificação de Diego Souza. 

Melhor do que Kieza, certamente ele é - e quem não é? 

Em sua passagem pelo Sport (2014-1017), Diego Souza fez 56 gols em 166 jogos. Pelo São Paulo (2018-2019), 17 gols em 61 jogos. Porém, são apenas números; só o futuro poderá definir se será apenas mais um elemento da "década perdida" ou um jogador que veio para fazer diferença.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Amor, incondicional

Meu querido Fogão,

2019 chegou para nós.

Nesta noite de verão, parei para recordar tudo o que vivemos. Tantos sorrisos e lágrimas, esperanças e desilusões, euforias e desabafos, incertezas e desafios. Estive ao seu lado na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, e estarei até que a morte nos separe.

Foram tantas promessas, jamais cumpridas, de que nunca mais te deixaria ser o centro da minha vida. Como em qualquer relacionamento saudável, não era aconselhável que eu projetasse minha felicidade em você. 

Mas, a despeito de todas as tentativas, admito que eu não sei te amar menos do que isso. 

Talvez seja mesmo um amor obsessivo. Como dizem por aí, sou uma botafoguense "doente". Um psicólogo me aconselharia a trabalhar o amor próprio, para que não caia mais na armadilha de correr atrás de quem tanto me abandonou. 

Quantas vezes senti-me sozinha no estádio, não porque não houvesse milhares de pessoas ao meu lado, mas porque você não parecia ser o mesmo de antes? Onde estava você, Glorioso, enquanto eu gritava apaixonadamente o seu nome?

Ando meio sem tempo para D.R's, mas é fato que você anda precisando de uns puxões de orelha. 

Ou talvez eu apenas não consiga iniciar uma D.R. porque meus raros momentos de raiva se dissipam tão rápido que chego à conclusão de que nosso relacionamento não precisa de vitórias, ou títulos, ou qualquer outra comemoração.  

Não vivemos uma relação de amor e ódio. 

Vivemos uma relação de amor. 

Incondicional, por definição. 

Sabe aquele filho que não presta, é mau caráter, mas os pais sempre aceitam de volta? O princípio é o mesmo. Pode me maltratar à vontade e gastar todas as minhas lágrimas, que eu nunca te abandonarei. 

Não consigo. Não quero. Não vou.

Sequer posso afirmar que fiz a escolha certa. Como toda botafoguense que se preze, "não escolho, fui escolhida". 

Entretanto, mesmo depois de tanto tempo de relacionamento, posso afirmar que, se te conhecesse hoje, eu me apaixonaria por você da mesma forma e com a mesma intensidade. 

Se há história de amor maior do que a nossa, eu desconheço.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O Fracassado

Há 108 anos, o desempenho excepcional do Botafogo no Campeonato Carioca (na época, o torneio mais importante) lhe rendeu o apelido de "O Glorioso".

Apelido ao qual fez jus durante muito tempo em seu passado, revelando ao mundo jogadores como Nilton Santos e Jairzinho e sendo o clube que mais cedeu atletas à seleção brasileira no século XX, além de possuir a maior invencibilidade do futebol brasileiro (52 jogos, entre 1977 e 1978).

Entretanto, nenhum clube vive só de passado. A história faz do Botafogo um time gigante, mas não faz dele um time vitorioso.

No século XXI, o outrora Glorioso transformou-se no Fracassado.

Se você acha que estou exagerando, posso fazer uma rápida exposição de alguns fatos.

Vamos começar com uma comparação com os outros times grandes?

Dos doze grandes, apenas Botafogo, Vasco, Atlético-MG, Grêmio e Internacional ainda não foram campeões brasileiros no século XXI. 

Só que o Atlético-MG ganhou uma Libertadores (2013) e uma Copa do Brasil (2014), além de ter sido vice campeão brasileiro duas vezes (2012, 2015); o Grêmio conquistou uma Libertadores (2017) e duas copas do Brasil (2001 e 2016), tendo sido vice brasileiro também duas vezes (2008, 2013), além de ser o clube que mais vezes ficou entre os quatro primeiros colocados do Brasileirão (total de seis vezes: 2002, 2006, 2010, 2012, 2015, 2017); o Inter ganhou duas Libertadores (2006, 2010), uma Copa Sul-americana (2008) e tem três vice campeonatos brasileiros (2005, 2006, 2009). Deixei o Vasco por último por ser, depois do Botafogo, o que mais acumula fracassos no século XXI, com três rebaixamentos (2008, 2013, 2015), mas ao menos possui uma Copa do Brasil (2011) e um vice-campeonato brasileiro (2011).
O Atlético-PR também foi campeão brasileiro no século XXI, em 2001, tendo sido ainda vice em 2004. E cabe destacar também o vice campeonato do São Caetano, em 2001.

Sei que vice campeonato não vale nada, mas ao menos nos mostra que aquele clube estava brigando pelo título. 

Já o Botafogo não briga por nada. Nunca.

O mais perto que chegamos de um título brasileiro foi em 2013, com a 4ª colocação. Ainda assim, quase a perdemos na última rodada, e ainda tivemos que torcer contra a Ponte Preta na final da Sul-americana para assegurarmos a vaga na Libertadores.

Vamos falar agora de Copa do Brasil? Certamente a competição em que o Botafogo acumula mais vexames. 


Dos doze grandes, apenas Botafogo, São Paulo e Internacional ainda não foram campeões da Copa do Brasil no século XXI. Trata-se, na verdade, de um título que os dois primeiros jamais conquistaram em sua história.

Só que o São Paulo foi tricampeão brasileiro (2006, 2007, 2008), campeão da Libertadores (2005) e campeão da Sul-americana (2012) neste século. Na verdade, a Copa do Brasil é o único título que o São Paulo ainda não conquistou em sua história, e isso tem um motivo bem claro: até 2012, os clubes que participavam da Libertadores não jogavam a Copa do Brasil, então o São Paulo tem muito menos participações na competição do que o Botafogo. Assim como o Inter, que , como já disse acima, possui duas Libertadores (2006, 2010) e uma Copa Sul-americana (2008). 

Até mesmo Santo André (2004), Paulista (2005) e Sport (2008) foram campeões da Copa do Brasil. 
Além disso, ficaram com o vice campeonato: Brasiliense (2002), Figueirense (2007), Vitória (2010), Coritiba (2011, 2012) e Atlético-PR (2013).

O mais longe que o Botafogo chegou foi às semifinais de 2007, 2008 e 2017.

E como poderia deixar de lado a Libertadores?

Dos doze grandes, seis foram campeões da Libertadores no século XXI: São Paulo (2005), Internacional (2006, 2010), Santos (2011), Corinthians (2012), Atlético-MG (2013) e Grêmio (2017). Dos outros seis, dois foram vice campeões: Fluminense (2008) e Cruzeiro (2009). 
Os únicos clubes dentre os doze grandes que não chegaram sequer a uma semifinal de Libertadores neste século são Botafogo, Vasco e Flamengo. Só que o Vasco ao menos chegou à semifinal da copa Sul-americana (2011) e o Flamengo tem dois vice campeonatos, também da Sul-americana (2001, 2017).

O Botafogo, por outro lado, jamais chegou a uma semifinal de qualquer competição internacional neste século.

Lembrando que São Caetano (2001) e Atlético-PR (2005) foram vice campeões da Libertadores, e Goiás (2010) e Ponte Preta (2013) foram vice campeões da Sul-americana. Além disso, a Chapecoense também possui um título da Sul-americana (2016).

Repararam como o Botafogo está presente em todas as estatísticas negativas?

Contra números, não há argumentos.

Só para resumir o histórico do "Glorioso" nos dezoito anos deste século:

Só uma vez entre os quatro primeiros colocados do Campeonato Brasileiro: em 2013 (4o lugar). 
Na Copa do Brasil, sua maior façanha foi chegar às semifinais em 2007, 2008 e 2017. 
Participou somente duas vezes da Libertadores da América, caindo uma vez na fase de grupos (2014) e uma nas quartas de final (2017). Além disso, soma dois rebaixamentos para a série B, em 2002 e 2014.

Não é difícil concluir que o Botafogo tem mais vexames no século XXI do que boas participações em competições a nível nacional e internacional, possuindo também mais vexames do que qualquer outro dos doze grandes. 

Episódios em que brigávamos pelo título do Brasileiro e, depois de perdermos todos os últimos jogos, não fomos sequer à Libertadores.

Eliminações na Copa do Brasil para Remo (2001), Gama (2004), Paulista (2005), Ipatinga (2006), Americano (2009), Santa Cruz (2010), Avaí (2011), Figueirense (2015) e Aparecidense (2018). 
Sem contar as goleadas de 4x0 e 5x0 que levamos dos molambos (2013) e do Santos (2014), respectivamente.

Eliminação da Libertadores na fase de grupos com Unión Española e Independiente del Valle, tendo terminado na lanterna do grupo (2014). No mesmo ano, rebaixamento para a série B com duas rodadas de antecedência. 

Eliminação da sul-americana levando três gols nos últimos minutos do jogo, com um jogador a mais (2007). Aproveito para confessar que ainda não engoli a eliminação para o Bahia nos pênaltis, ainda nas oitavas de final (2018).

Quem quiser um detalhamento maior sobre os vexames do Botafogo neste século, aconselho assistir este vídeo, afinal são muitos. Assista apenas se tiver tempo.

E aonde quero chegar com tudo isso?

Esta postagem é, antes de tudo, um desabafo. Todos que me conhecem sabem que não apenas torço pelo Botafogo - eu vivo o Botafogo. Sou sócia do clube desde 2012, frequento General Severiano e deixo de fazer muitas coisas na vida para ir aos jogos deste clube que amo acima de tudo. 

Mas, a cada ano que passa, me entristece mais e mais ver os torcedores de outros clubes comemorando títulos, ou ao menos chegando perto de conquistá-los, enquanto o que me sobra é aturar as zoações dos rivais e encarar a dura realidade da parte de baixo da tabela do Brasileirão.

O Botafogo não é para os fracos. Canso de dizer isso. 

Poderia afirmar que "o Botafogo não precisa de títulos, basta o Botafogo existir para me fazer feliz", frase muitas vezes repetida por um professor do ensino médio. 

Mas isso é pensar pequeno. E não existe conquista com pensamento pequeno.

Ninguém vence achando que vai perder. Há quem vença sabendo ser pior do que o rival, porque o futebol também é feito de estratégia. Mas guardo uma frase que vi em uma propaganda de marca esportiva: "vencer vem de dentro".

Não adianta dizer que o problema é dinheiro. O que outros clubes de menor expressão e com menos dinheiro fizeram que o Botafogo não fez? Essa eu deixo para você pensar.

Levo comigo a certeza de que o buraco é mais embaixo. 

Em todos os sentidos, o Botafogo precisa urgentemente de uma revolução.

domingo, 28 de outubro de 2018

VAMOS SALVAR O BOTAFOGO! ULTIMA CHAMADA!

Caros botafoguenses,

Não sei nem por onde começar, só sei que precisamos nos unir e tentar salvar o nosso clube, a nossa Instituição e para isso precisamos tirar todos, eu escrevi TODOS aqueles dirigentes que fazem parte dessa administração e/ou que fizeram partes das administrações passadas.

Temos que fazer isso o quanto antes, alguma coisa como fez a torcida do Bahia que conseguiu tirar os dirigentes que levaram o clube a Serie C do Campeonato Brasileiro.

E fizeram de uma maneira democrática, protestando em frente à residencia do presidente, sem ter que usar de violência.

É disso que precisamos, da união dos botafoguenses da paz mas que se indignam com esse momento dramático que passa o nosso amado clube e que vem numa crescente e todos sabemos no que isso vai dar.

Para aqueles que alegam que nossa torcida é diminuta eu digo que não, somos muito mais do que os 4 milhões que uma pesquisa marota mostrou.

Um clube que passa por décadas de vergonha como o nosso Botafogo passou, como bem mostrou a corajosa e guerreira Radio Botafogo através desse video e continua lotando o estádio quando o time dela necessita e porque tem uma torcida grande e apaixonada que não vai permitir que o futuro seja igual ao de outros que sucumbiram.

Portanto, caros companheiro(a)s e irma(ao)s de camisa, vamos aproveitar o cívico dia de hoje para pensarmos o que precisamos fazer para tirar os sanguessugas que há décadas estão apequenando o Glorioso.

FORA GRUPO MAIS BOTAFOGO!

FORA TODOS QUE FORAM PARTE DE ADMINISTRAÇÕES PASSADAS!

QUEREMOS MUDANÇA!

VAMOS A LUTA!

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

CHEGA! BASTA!

Não dá mais!

Estão acabando com o Botafogo.

É inadmissível a situação a que chegamos.

Ou mudamos tudo ou admitamos a extinção.

Ja estamos cansados de usar o passado do clube para exigir que se respeite a história.

Porque a história não se restringe aos anos 30, 40, 50 ou 60.

A história começa no minuto seguinte ao atual.

E na história recente o Botafogo não pode ser considerado um clube vencedor.

E não é só por causa da eliminação de ontem não.

Esse ano ja passamos por um vexame ainda maior.

A eliminação para um time que só apareceu porque nos eliminou (veja aqui).

No ano passado chegamos na semifinal da Copa do Brasil e nas quartas-de-final da Libertadores perdendo para o eventual campeão num jogo que poderíamos ter vencido e isso nos deu a esperança de que os tempos gloriosos estariam voltando.

Mas bastou voltarmos à disputa do Brasileiro, onde estávamos numa posição confortável para disputar mais uma Libertadores, para vivenciar mais um vexame como a eliminação da competição mais importante do continente na última rodada e depois do jogo terminado (veja aqui).

Precisamos tirar de General Severiano os velhos que se perpetuam no poder há muitas décadas.

Botar gente nova, com mentalidade vencedora e que se indignem com derrotas como a de ontem.

As pessoas que administram o nosso clube hoje se escondem nas derrotas e só aparecem nos bons momentos.

Chega!

E outra coisa.

Temos que mudar parte da letra do hino do clube, aquele trecho que diz "nao pode PERDER, PERDER pra ninguém" para alguma coisa como "nasceu pra VENCER e ser CAMPEÃO".

Isso pode ate ser superstição minha, mas é de superstição que a nossa história foi escrita nos tempos de glória.

Tempos esses que eu acredito que poderão voltar mas com mudanças radicais como as que explicitei acima.

Hoje é dia de ressaca como vários outros na história recente do Botafogo.

Mas amanhã estaremos de cabeça erguida novamente lutando e acreditando que os dias de glória voltarão.

Mas para que isso aconteça, repito, temos que mudar quase tudo em General Severiano.

Avante Fogão!

domingo, 2 de setembro de 2018

O Botafogo nos abandonou

Há quase um ano, enfrentamos o Grêmio em Porto Alegre nas quartas de final da Libertadores, naquele jogo que marcou o auge da esperança botafoguense.

Sonhávamos com o título da América. E até hoje acredito, sim, que poderíamos ter sido campeões.

Ontem, enfrentamos o mesmo Grêmio em Porto Alegre, mas o Grêmio não enfrentou o mesmo Botafogo.

Porque o Botafogo que entrou em campo ontem era tudo, menos um time. 

O treinador que estava à beira do gramado também era tudo, menos alguém com capacidade de acertar o time. 

É claro que compreendo a dificuldade de acertar um time que não é time, principalmente para um treinador que não treina. 

Pois, se existe algum treino sendo realizado no estádio Nilton Santos ou em General Severiano, este só pode ser um treino composto pelos seguintes tópicos:
- Como levar pelo menos dois gols em todo jogo e não fazer nenhum
- Como permitir que o adversário entre na área como se fosse o quintal da casa dele
- Como deixar sempre pelo menos um jogador adversário completamente livre de marcação
- Como jamais acertar o gol em todas as raras chances de abrir o placar (este é ensinado concomitantemente a "como tocar a bola dentro da área para alguém que perderá o gol quando se tem uma bela oportunidade de chutar")
- Como entregar o jogo para o adversário depois de levar o primeiro gol (subtópico do "como jamais empatar ou virar um jogo")
- Como ter um goleiro que não sabe segurar a bola, uma zaga que não defende, um meio campo que não dá passes e um ataque que não balança as redes
(...)

Com esses tópicos sendo cumpridos à risca, o objetivo principal da diretoria, que também não dirige (qual seja, "ser rebaixado levando porrada de todos os times grandes"), será facilmente alcançado.

Não há mais esperanças.

O Botafogo precisa se renovar, sair dessa bagunça e voltar a crescer.

Eu, que ingenuamente votei neste grupo político que tem a audácia de se autodenominar "Mais Botafogo" e fugir das entrevistas, retiro meu apoio. Se há alguém melhor para comandar o clube, não sei - mas sei que, do jeito que está, o Botafogo tem se distanciado cada vez mais de nós, os verdadeiros torcedores.

23 anos sem um título de peso e vexames que se renovam a cada temporada:"Glorioso" só se for uma piada.

Mas nem piada se faz mais, porque nos tornamos aqueles torcedores de quem todos têm pena.

"Ah, coitadinha, é botafoguense, não vou zoar porque a vida dela é difícil...".

Vou falar o que? É difícil mesmo essa vida de merda.

É difícil amar tanto um clube que nos abandona assim.

É difícil torcer por um clube que não é mais clube, com uma diretoria omissa que pensa pequeno, um departamento de futebol que só contrata inúteis e bichados, um departamento médico que se tornou um inferno de onde nunca mais se volta, um elenco no qual jogadores saem de cena sem motivos aparentes (e ninguém percebe porque eles não fazem falta nenhuma), um time que entra em campo pra ser saco de pancada, com atletas que não sabem correr e jogadores que não sabem jogar. 

Na boa, me coloquem de camisa 10, que sou melhor do que o Leo Valencia.

O Botafogo precisa de uma revolução.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Tá difícil

Ainda não engoli aquele gol de empate absurdo que tomamos ontem do lanterna aos 51 minutos do segundo tempo.

Nem eu nem o Kio, que estava no Rio neste dia dos pais, viu o jogo comigo e, pouco antes do gol, abriu um sorriso e falou "25 segundos, ganhamos". 


Mas, especialmente para o Botafogo, o jogo só acaba quando termina.


Também não engolimos a eliminação da Copa do Brasil pelo time da série D que perdeu a classificação para os mata-matas para Sinop e Novo. 


E será que já nos conformamos com o gol da Chapecoense que nos tirou a vaga da Libertadores em dezembro, depois que o nosso jogo já havia acabado?


Não.


Ainda acrescento: lembramo-nos como se fosse ontem da goleada que levamos do Time do Mal na Copa do Brasil de 2013; do pênalti que Seedorf perdeu contra o Cruzeiro no Brasileirão do mesmo ano (bons tempos esses em que almejávamos o título); da eliminação na fase de grupos da Libertadores em 2014, do gol de letra de Marcão pelo Figueirense no Nilton Santos, aos 48 do segundo tempo, que nos eliminou mais uma vez da Copa do Brasil em 2015 (isso para não falar dos 5x0 que tomamos do Santos um ano antes).


E os desastres vão se acumulando, um sobre o outro em nossas lembranças, como uma grande montanha de bosta. 


Aí, em pleno dia dos pais e aniversário do Botafogo, quando jogamos conta o poderosíssimo Paraná às 11h e tudo o que queremos é almoçar comemorando a vitória com nossos pais, ela acontece mais uma vez.


A tragédia.


Sobrenome de todo botafoguense.


E não me perguntem sobre o jogo de quinta-feira na sul-americana. Estarei lá, não apenas porque sou botafoguense antes de tudo e acima de qualquer coisa, mas porque gosto de sofrer. 


quinta-feira, 17 de maio de 2018

Feliz dia do Botafogo!

Ontem, o maior ídolo da nossa história completaria 93 anos.

Aquele que foi bicampeão pela seleção brasileira, levando as copas de 1958 e 1962, e conquistou quatro campeonatos cariocas (1948, 1957, 1961 e 1962) e duas taças Rio - São Paulo (1962 e 1964).

Também aquele que, em 2000, foi eleito pela Fifa o maior lateral esquerdo de todos os tempos. 

O jogador que levou o apelido de "Enciclopédia do Futebol" e revolucionou a função de um lateral, ao subir para o ataque e marcar um gol contra a Áustria, em 1958, quando os laterais eram basicamente zagueiros de ponta. 

O grande responsável pela contratação do segundo maior ídolo da história do Botafogo - aquele que dava dribles desconcertantes com as pernas tortas.

E certamente o que mais vestiu a camisa do Glorioso, com 723 jogos em 16 anos, não tendo jamais vestido a camisa de qualquer outro clube.

Na entrada de sua casa, havia uma placa onde se lia: "Seja bem vindo, mas não fale mal do Botafogo".

Em General Severiano, uma frase sua: "O futebol é a brincadeira mas séria que existe. Só vence quem pensa assim."

De vitórias entendia muito bem, já que nunca perdeu uma final.

Ninguém merecia mais do que ele dar nome ao nosso estádio. 

Não à toa, o dia 16 de maio foi escolhido para ser o dia do Botafogo.

E, merecidamente, é seu rosto que aparece na bandeira da foto oficial do título Carioca, tirada ontem, dia 16/05/18, cuja soma dos números é 21.

Obrigada, Nilton Santos.

terça-feira, 1 de maio de 2018

A justiça tarda mas não falha

Os bons ventos da mudança enfim chegaram a General Severiano.

Não sabemos ao certo como ou quando isso aconteceu, nem se o espírito de Biriba entrou em campo para reverter o pessimismo enraizado desde que Carlito Rocha dava nós nas cortinas para que as tais coisas que só acontecem ao Botafogo não passassem de meras assombrações da madrugada, mas o fato é que a sorte está a nosso favor.

Apesar da onda geral de otimismo que, às pressas, se instaurou no clube, não se fala sobre sorte.

Isto porque a tradicional superstição alvinegra decretou, em pacto silencioso, que falar sobre sorte causa má sorte.

Não poderia dizer que acho isso uma grande besteira, muito menos que não me atreveria a apagar este post caso a situação subitamente se revertesse.

Mas também não posso fingir que não existe nada. 

Existe alguma coisa. 

Ainda que não saibamos o que, nem como, nem por quanto tempo, o fato é que já não somos os mesmos desde que Carli estufou as redes aos 49 minutos do segundo tempo naquele domingo, dia 8 de abril, fato que culminou na conquista do nosso 21º título carioca. 

E lá estava ele outra vez, o número 21, como um divisor de águas para alimentar nossa superstição.

Três rodadas do Brasileirão até agora, e em duas delas, chegamos ao gol nos acréscimos - em que pese o fato de que o último deles foi resultado de um momento sublime, para não dizer único, de inspiração do nosso lateral-esquerdo. Depois disso, nem minha ausência de crenças religiosas será um impeditivo à desconfiança de que os craques do passado estão olhando por nós, ou mesmo saindo das paredes do túnel do tempo e dando umas voltinhas por General Severiano.

Para quem viu o Botafogo conquistar, com ampla vantagem, o título de mais azarado da década, parece estranho perceber que os ventos andam mudando de direção. 

Isso porque poderíamos até mesmo ter sido campeões brasileiros em 2013, não fossem todos os gols que tomamos nos acréscimos e todas as incontáveis bolas que chutamos na trave. Para não falar sobre outros campeonatos ou outros anos...

A justiça tarda mas não falha. 

Os próximos capítulos, os deixaremos nas mãos dos Deuses do Futebol - nestes, sim, eu acredito.

domingo, 29 de abril de 2018

Porque sempre acreditamos que tudo será diferente

CAMPEÃO CARIOCA 2018!!!

Para os torcedores que, assim como eu, começaram o ano desacreditados, essa conquista teve um peso ainda maior. 


Depois da frustração de não termos nos classificado para a Libertadores, perdendo a vaga depois de um ano cheio de esperanças e quando nossa partida já estava encerrada, 2018 começou meio sem cores para todo torcedor alvinegro.

E como não citar - ainda que nos revolte lembrar - a eliminação precoce da Copa do Brasil pela Aparecidense? 

No dia seguinte, quando amanheceu na cidade do Rio de Janeiro, o céu já não era tão azul e a grama já não era tão verde para quem carregava uma estrela solitária no peito. 

Mas quem precisa do colorido quando o preto e branco, juntos, estampados nas nossas salas, quartos, camisas, toalhas ou mesmo naquele brilho que ainda resta no esperançoso olhar alvinegro, não se cansam de (re)afirmar a paixão pela alegria e pela tragédia tão características daquele que, dentre tantos outros, recebeu a designação de Glorioso?

O Botafogo não é para os fracos nem para os mornos. É, sim, para os loucos, apaixonados, furiosos, alucinados, intensos, exorbitantes, exagerados, inimagináveis. 

E porque sempre acreditamos que tudo será diferente, até que a história se repita e se repita, nós resolvemos acreditar mais uma vez.

Acreditar em 2018. Acreditar em Mufarrej, em Valentim, em um time com três volantes, em singulares acasos ou inenarráveis golpes de sorte. Se fosse para pensar que tudo daria errado, não estaríamos aqui nem vestiríamos esta camisa - nós guardaríamos nossas lágrimas para uma vida menos passional.

Mas o futebol, meus amigos, é emoção das brabas. O Botafogo, então...

Não nascemos para segurar o riso ou conter o choro. Não saímos do estádio sem rouquidão na voz. Não sobrevivemos a um campeonato sem ataques de taquicardia e suor frio. Tudo na vida tem um custo e uma recompensa; o custo é saber que a derrota e a decepção fazem parte do futebol. A recompensa, esta só o verdadeiro botafoguense será capaz de entender.