domingo, 10 de novembro de 2013

O massacre está preparado

A iminente perda da vaga para a taça Libertadores dá a nós, Botafoguenses, a impressão de que o mundo está para acabar. As gozações de rivais -- que são cada vez menos efetivas, de tão frequentes -- marcarão presença neste fim de ano.

A imprensa será impiedosa. Há alguns anos, adotou-se nos veículos de comunicação o consenso de que treinadores não são os responsáveis por sucessos ou fracassos de equipes. Há, é evidente, alguma verdade nessa afirmativa. O problema é quando ela é levada ao extremo, tão absurdo, de eximir os treinadores de quaisquer clubes da culpa por maus resultados obtidos.

No caso do Botafogo, o absurdo é ainda mais gritante. Não só os técnicos, como os jogadores, a comissão técnica, a diretoria e o presidente estão completamente isentos de culpa por qualquer coisa. Segundo nossos brilhantes jornalistas, a comissão técnica deverá, ao invés, ser louvada pelo trabalho que fez em deixar o Botafogo por tanto tempo entre as primeiras posições.

É verdade que o Botafogo vendeu parte fundamental de seu elenco este ano. É verdade também que a torcida não deu o apoio que, talvez, o time precisasse em alguns momentos essenciais. É inconteste que a longa temporada é extenuante e que a equipe sente, em seu fim, dificuldade em manter o mesmo nível que apresentava no início do ano.

Nada disso, entretanto, justifica as falhas técnicas que o time apresenta. A ausência de jogadas ensaiadas e a marcação ridícula que o Botafogo faz, também não são consequência de nada mencionado acima. Finalmente, o que é mais revoltante: a postura apática, praticamente entediada dos jogadores em campo, é INJUSTIFICÁVEL. 

Infelizmente, o escolhido como o verdadeiro culpado, o Grande Satã, foi a torcida. Os públicos do Botafogo como mandante serão analisados e contrastados com a posição na tabela de classificação. "Ora, estavam em primeiro e segundo por tanto e tanto tempo, o que fazia  a torcida em casa?", perguntar-se-ão. E, embora seja uma questão bastante complexa, a resposta -- tentadora por sua simplicidade -- será simplesmente que a torcida do Botafogo é mesmo uma merda.

Muitos torcedores, alguns dos quais heróis que foram a todos os jogos e apoiaram o time incondicionalmente, reclamarão, com boa razão, daqueles que não compareceram. Aproveito o ensejo para deixar aqui um mea culpa. Eu deveria, sim, ter ido a mais jogos. Deveria ter aberto mão do meu tempo, que hoje em dia é muito, muito precioso, para apoiar o Botafogo. E entendo a raiva que os heróis da arquibancada sentem.

Tudo que peço é que também parem para refletir sobre a posição dos outros torcedores. Li hoje um comentário muito correto, infelizmente não me recordo em qual veículo. Dizia que os que deixaram de frequentar os jogos têm um motivo. Pode não ser de fato uma boa razão, mas que eles têm um motivo, têm. É importante aceitar que nem toda a torcida é imune a fracassos. E o Botafogo colecionou muitos destes, a maioria dos quais com a arquibancada cheia.

Para que não se diga que apresentei um problema sem sugerir soluções, descrevo em seguida o que acredito ser o único meio de ação disponível.

Presidente, comissão técnica, direção e jogadores já justificaram previamente o fracasso. E já demonstraram que não dão a menor importância para o clube que representam. O que nos resta fazer é calar a boca de todos esses desgraçados que aviltam a imagem do Botafogo, e que nos escolheram como bodes expiatórios.

Ir ao Maracanã na quarta-feira é uma questão de honra. 

Por amor ao Botafogo, devemos ceder à chantagem. Por acreditarmos na eternidade do nosso clube amado, quarta-feira devemos comparecer e mostrar a eles que não estamos mortos, somente extremamente desconfiados e decepcionados com a incompetência de todos eles.

E, pelo amor de Deus, a torcida não pode estar desunida. Quem instiga essa briga interna são a diretoria e o elenco, por meio de insistentes declarações que deixam implícita a responsabilidade da torcida nos fracassos recorrentes da equipe. Estamos sendo massacrados por quem deveria estar nos defendendo.

O papel de criticar a torcida é da própria torcida, da imprensa e dos rivais. Nunca, absolutamente nunca, deve vir de dentro dos muros de General Severiano. E é isso que vem acontecendo.

Calemos a bocas daqueles que ganham dinheiro em cima de nós. Compareçamos quarta-feira. Unidos.

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